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Tempo de trabalho não remunerado segundo rendimentos próprios por sexo
Análise
Ao analisar dois recursos cruciais para a autonomia econômica, como a renda e o tempo, observa-se que as assimetrias entre homens e mulheres têm um componente monetário, mas também têm um componente na alocação das atividades demandadas no lar que aumenta a diferença de gênero dentro destes.
No grupo de mulheres sem renda própria, o tempo de trabalho não remunerado excede entre 16% e 56% o tempo de trabalho não remunerado dedicado pelas mulheres que possuem renda própria.
Um aspecto a ser destacado para o desenho de políticas públicas é que, embora as mulheres reduzam sua carga de trabalho não remunerado ao obter uma renda própria, o que está associado à possibilidade de pagar por alguns serviços e produtos e ao uso do tempo no mercado de trabalho, a diferença de gênero não diminui. A diferença de horas destinadas ao trabalho não remunerado entre homens e mulheres permanece muito grande, mais do que o dobro na maioria dos casos. Essa dinâmica tem sido amplamente atribuída à discriminação e aos estereótipos tradicionais de gênero na atribuição do trabalho e em suas respectivas valorizações sociais.
Políticas que promovam o acesso das mulheres à renda própria podem afetar a diminuição de sua carga de trabalho não remunerada, mas se isso não for acompanhado pela abordagem de corresponsabilidade entre homens e mulheres na família, as desigualdades de gênero não poderão ser superadas em termos de redistribuição da carga total de trabalho.